Tuesday, April 10, 2007

Conhecer para melhor preservar

O Parque Natural do Tejo Internacional (PNTI) foi criado a 18 de Agosto de 2000, embora esta área já tenha sido, a 23 de Setembro de 1999, declarada como Zona de Protecção Especial, devido aos seres que nela habitavam.


Nos diversos ecossistemas do PNTI encontram-se já inventariadas cerca de 300 espécies de plantas, 24 de fungos, 154 de aves, 44 de mamíferos, 15 de anfíbios (das 17 existentes em Portugal), 20 de répteis (das 27 presentes no território nacional), 12 de peixes, 153 de insectos, entre outras.
No que se refere à flora e vegetação encontramos, nesta área, extensos montados de azinho (Quercus rotundifolia) e sobro (Quercus suber), zambujais (Olea europaea var. sylvestris), comunidades de zimbro-bravo (Juniperus oxycedrus) e vastas manchas de matagal mediterrânico.
Das espécies animais presentes, e em relação às aves, destaca-se a cegonha-preta (Ciconia nigra), a águia-real (Aquila chrysaetos), a águia-imperial (Aquila adalberti), a águia de Bonelli (Hieraaetus fasciatus), o abutre do Egipto (Neophron percnopterus), o grifo (Gyps fulvus), o abutre-preto (Aegypius monachus), o bufo-real (Bubo bubo), o falcão-peregrino (Falco peregrinus), o peneireiro-das-torres (Falco naumanni) e o chasco-preto (Oenanthe leucura). No caso dos mamíferos encontramos a lontra (Lutra lutra), a geneta (Genetta genetta), o gato-bravo (Felis silvestris), o javali (Sus scrofa) e o veado (Cervus elaphus).


A agricultura é também um sector que se encontra presente nesta área protegida.
De entre os vários sistemas agrícolas tradicionais que ocorrem no PNTI destacam-se, pela sua importância para a Conservação da Natureza: os sistemas policulturais tradicionais; os sistemas cerealíferos de sequeiro; o montado de sobro e azinho; e o olival de encosta.
A manutenção destes sistemas, em conjunto com as manchas florestais, principalmente de espécies autóctones, formam um mosaico fundamental para a manutenção da biodiversidade característica destes ecossistemas e dos quais dependem directa ou indirectamente um variado conjunto de espécies. Como tal, dever-se-á dar continuidade à utilização do terreno pelo Homem, nomeadamente na forma de pastoreio, fogo controlado, cortes selectivos ou fomento da regeneração natural.
Por outro lado, na área do Parque Natural, a actividade apícola é uma prática que, para além da vertente económica associada, tem um papel preponderante no equilíbrio ecológico da flora através da actividade polinizadora das abelhas que se traduz, não só no aumento da produtividade e rentabilidade das diversas culturas agrícolas mas, também, pela reprodução eficaz da vegetação natural.
A produção animal associada (ovinos, caprinos e bovinos), representa na área do PNTI a utilização tradicional do espaço que permitiu ao longo das últimas décadas a recuperação da população de aves necrófagas. Como tal deverá ser incentivada. A preservação do património genético animal através da recuperação de raças autóctones nomeadamente em ovinos - Merino da Beira Baixa -, nos caprinos – Charnequeira - e nos suínos - Porco Alentejano -, com manutenção das práticas culturais associadas a estas raças, é imprescindível para a promoção da diversidade biológica e o equilíbrio destes agroecossistemas.

Estruturas da Quercus na região

A Quercus possui quase 600 ha nesta região, parte dos quais na freguesia do Rosmaninhal no concelho de Idanha–a–Nova e outra parte correspondente ao Monte Barata, herdade localizada nas freguesias de Malpica do Tejo e Monforte da Beira no concelho de Castelo Branco.

Casa Retiro do Rosmaninhal – tem como objectivo o apoio ao Turismo de Natureza, de forma a que seja compatível com a preservação dos valores naturais e com as premissas de desenvolvimento local sustentável.

O Monte Barata - neste local pretende-se realizar actividades de conservação dos solos, projecto de arborização e manutenção/fomento da área de montado, manutenção de olival, actividades de conservação da Natureza, turismo natureza, educação ambiental, investigação, etc.



Nem todos os actos efectuados pelo Homem são danosos ao meio ambiente, desde que sejam racionalmente coerentes e sustentáveis. Para tal, todos os intervenientes, quer sejam residentes ou não de determinada zona, devem estar envolvidos na manutenção dos costumes tradicionais e turismo que estejam em harmonia com os diferentes ecossistemas. Só desta forma se poderá conservar a rica biodiversidade do nosso país.

Fonte: www.quercus.pt

Friday, March 30, 2007

O fugitivo!

O intercâmbio de seres vivos entre diferentes regiões pode ser um problema quando algumas espécies não indígenas de uma determinada zona são libertadas em novas áreas, longe do seu país de origem. Um, entre muitos casos, é o do visão-americano (Mustela vison).

O visão-americano é uma espécie oriunda da América do Norte e do Canadá. Daí foi introduzida em muitos outros locais do planeta, com especial destaque na Europa e Ásia, onde tem sido criada em cativeiro para a produção de peles. Muitos destes animais cativos conseguiram escapar e em alguns locais conseguiram mesmo estabelecer populações estáveis. Nos últimos tempos, activistas dos direitos dos animais têm retirado estes animais do seu cativeiro e libertado os mesmos na natureza. É verdade que a criação de animais selvagens em quintas é um acto de pura e vil crueldade, mas a solução não passa por libertar animais estranhos a um determinado meio.


Em Portugal pensa-se que terá sido introduzido há menos de 50 anos por fuga de quintas em Espanha. Até agora a espécie parece ocorrer apenas na região da bacia do rio Minho e a sua presença está confirmada no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Parece ser uma espécie pouco abundante no nosso País, mas a população aparenta estar em crescimento.


É um predador oportunista e consome as presas mais abundantes e acessíveis. Alimenta-se principalmente de pequenos mamíferos, peixes, anfíbios, répteis e lagostins. Também se alimenta de insectos, vermes e pequenas aves. No Verão e no Outono, o lagostim parece ser um item alimentar bastante importante.



Sendo uma espécie invasora e com uma grande capacidade de adaptação, ela poderá competir eficazmente e mesmo substituir, espécies com quem co-habita. Pensa-se que em alguns locais da Europa, esteja a ter um efeito nefasto sobre a fauna nativa, nomeadamente sobre o visão-europeu (Mustela lutreola), a lontra (Lutra lutra), o toirão (Mustela putorius), o rato-de-água (Arvicola sapidus) e a galinha de água (Gallinula chloropus).
A competição dá-se sobretudo pela aquisição de recursos alimentares e território, essenciais para a normal reprodução e subsistência da espécie cujos habitats foram invadidos pelo visão-americano.
Faltam, portanto, estudos que permitam descobrir qual a situação do visão em Portugal em termos de dispersão e efectivos populacionais e quais as consequências directas no meio onde se estabeleceu. Deve-se preservar a biodiversidade que existe no nosso país e para tal não se deve comprometer a mesma com introduções nefastas.

Fontes:
carnivora.fc.ul.pt
www.naturlink.pt
www.quercus.pt

Thursday, March 29, 2007

Campanha erosiva

À medida que se massifica o uso da terra para a agricultura, fomentando para isso a destruição das florestas, vai-se promovendo uma erosão responsável por um complexo processo de desertificação, que inclui não só a degradação do solo e da vegetação, mas também uma escassez de recursos hídricos e uma progressiva perda de diversidade biológica.
Uma situação, em Portugal, que promoveu esta problemática ocorreu aquando se iniciou a “campanha do trigo”, nas décadas de 30, 40 e 50. A região do Alentejo, foi desbravada (ainda mais do que já tinha sido até então) e áreas extensas de montado foram destruídas sendo posteriormente utilizadas para o cultivo de cereais, em especial, e tal como o nome indica, de trigo.

As consequências desta campanha levaram a um intenso aproveitamento agrícola dos terrenos pobres. Abandonou-se quase por completo o tradicional sistema de rotação de culturas, deixando de se cumprir os prazos mínimos de pousio. Isto provocou um esgotamento dos solos.
Para além disso, muitos animais perderam os seus habitats, e em especial uma das espécies mais emblemáticas em termos de conservação em Portugal – o lince-ibérico (lynx pardinus) – que com esta campanha viu destruir as comunidades florísticas autóctones indispensáveis para a sua sobrevivência.

As consequências desta acção são sentidas nos dias de hoje, pois os solos estão cada vez mais pobres e desgastados e não existe, aparentemente, uma vontade nacional de reverter esta situação. Exemplo disso é a construção da barragem do Alqueva que serviria para promover a agricultura de regadio no Alentejo.
O problema é sempre o mesmo – monoculturas que não estão de acordo com o tipo de solo e clima da região e promotoras da erradicação das espécies indígenas indispensáveis à vida de variados seres.

Thursday, March 8, 2007

O retorno do ajudante da floresta!


O esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris), foi abundante em Portugal, mas em meados do século XVI extinguiu-se no território nacional. No entanto, o bom filho à casa torna. Desde os anos 80 que se tem vindo a dispersar, vindo de Espanha, pelo território nacional a partir da zona Norte. Também foi libertado no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa e no Jardim Botânico de Coimbra com resultados bastantes satisfatórios. Desde então, outras regiões têm vindo a beneficiar da presença deste vistoso roedor e nalgumas zonas, tornou-se já comum. Actualmente, já se encontram estabelecidos no Parque Nacional da Peneda-Gerês e no Parque Natural de Montesinho. Um dos casos mais recentes que se encontra registado na imprensa, diz respeito ao regresso do esquilo à Reserva Natural da Serra da Malcata.


Este regresso traz benefícios em vários sentidos. Em primeiro lugar, é mais um incremento na biodiversidade de um país já de si rico em fauna e flora. Por outro lado, o esquilo é presa de espécies animais raras ou em perigo no nosso país, como é o caso da marta (Martes martes) e do açor (Accipiter gentilis) o que pode servir para favorecer um aumento nas populações destas duas espécies. Por fim, sabe-se que este trepador de pelagem que pode ir do vermelho ao castanho-preto tem predilecção por sementes de árvores, especialmente de coníferas e caducifólias, que armazena essencialmente no solo para ingerir mais tarde. Aquelas que são esquecidas podem germinar, fomentando assim a disseminação de determinadas espécies de flora que com o passar do tempo poderão vir a formar novas áreas florestais. Mas para que esta expansão continue na direcção de outras regiões do nosso país, é necessário que não haja alterações nos habitats desta e de todas as outras espécies da nossa fauna. Para tal deve-se reflorestar os nossos ecossistemas com plantas nativas, de modo a que estas proporcionem alimento suficiente aos diferentes seres que delas dependem.

Belas e perigosas

A introdução de espécies exóticas num ecossistema pode ter graves consequências para as espécies indígenas e provocar grandes prejuízos económicos.
Este tipo de invasão biológica constitui, após a perda de habitat, a maior ameaça para a biodiversidade, afirmou Jeffrey A. McNeely, cientista da União Mundial para a Natureza (IUCN). As invasões biológicas são ainda reconhecidas pela Convenção para a Diversidade Biológica como uma das principais causas das alterações globais do planeta.
No nosso país, existem plantas que são consideradas problemáticas. Como um bom exemplo disso temos as espécies do género Acacia.


Estas plantas, muitas delas originárias da Austrália, produzem uma grande quantidade de sementes e a germinação é estimulada pelo fogo. Estes factores são, pois, responsáveis pelo sucesso de colonização da espécie, bem como o facto de ser uma planta utilizada para a fixação de dunas e como ornamental em jardins (devido às suas flores). Nem as nossas áreas protegidas escapam a esta invasão exótica, como é o caso do Parque Nacional da Peneda-Gerês e da Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto. Nalgumas zonas, as acácias formam extensas áreas quase mono-específicas, pois impedem o desenvolvimento de outras espécies.


Já se tentaram várias metodologias para erradicar estas plantas, mas esta tarefa tem-se mostrado infrutífera, devido, em parte, à sua notável capacidade de regeneração. A melhor solução para impedir que uma espécie se torne invasora é prevenir a sua entrada e, em seguida, a sua fixação e expansão. Porém, isto implica uma monitorização atenta e preventiva da situação ao nível nacional e a efectiva capacidade para intervir rapidamente e com determinação. Dever-se-ia apostar mais na arborização dos nossos terrenos com espécies nativas, pois só assim se promove a diversidade de uma determinada região.


Friday, February 16, 2007

Nau dos corvos

A Pedra da Nau, também conhecida por nau dos corvos, junto ao cabo carvoeiro, é um fabuloso rochedo no qual pousam os corvos marinhos e as gaivotas, permitindo assim a observação directa de aves marinhas.


Esta formação rochosa faz lembrar uma nau quinhentista, daí o seu nome.
Constitui um bom exemplo de erosão litoral e diferencial (tipo de erosão que se deve à existência de comportamentos diferenciados das rochas face aos agentes erosivos).
É, actualmente, um dos pontos de referência para quem visita a zona de Peniche.

Thursday, February 15, 2007


Serra de Monchique – Algarve

Em termos de património geológico a serra de Monchique evidencia dois cumes gémeos de origem vulcânica – a Foia e a Picota – que atingem 902 m e 744 m de altitude, respectivamente, podendo assim ser considerado um maciço eruptivo que emergiu há cerca de 70 milhões de anos dos terrenos do Carbónico marinho, existindo na zona de contacto geológico uma orla de metamorfismo com formações rochosas próprias. Os cumes atrás citados – as mais altas elevações do Algarve (e do Sul de Portugal) – são constituídos por rochas afins do granito: o sienito. Reconhecem-se aqui duas raras variedades de sienito: foiaíte e monchiquite.


Estas características em termos geológicos fazem-se acompanhar por um número de espécies de fauna e flora considerável. Neste último caso, refere-se a presença do carvalhedo (Quercus canariensis) por se encontrar em perigo de extinção.


No entanto, toda esta diversidade está grandemente comprometida devido à forte pressão urbanística numa das zonas de Portugal onde mais se constrói desenfreadamente. Nesta zona o turismo excessivo é um problema que urge minimizar para que se possa usufruir dos encantos de uma região tão maltratada do ponto de vista ambiental.
Para além disto, as formações rochosas podem estar sob risco devido aos consecutivos incêndios que deflagram todos os anos, pela altura do Verão, na zona. Este flagelo é originado pelo descuido na limpeza das matas, pela florestação incorrecta da zona com espécies não nativas e por mão criminosa.

Quando não existe vegetação, após um grande fogo, as rochas e o solo arável estão mais susceptíveis às acções da água (na altura das chuvas) e do vento.


Dever-se-ia assegurar uma protecção mais eficaz a este local. Temos de preservar os nossos espaços naturais! Ao preservar uma determinada zona, estamos a salvaguardar o habitat de um variado número de espécies. Tudo está interligado.

Saturday, February 3, 2007

Economia versus consciência


Existe uma mudança de opinião, por parte da espécie humana, em relação à atitude economicista que tem prevalecido desde tempos históricos. É verdade que um factor muito importante para a humanidade é a riqueza que os recursos naturais originam. Esta visão será sempre tida em conta e muito valorizada.

Mas para além disso, os aspectos científicos e estéticos estão a suscitar algum interesse, tanto pela beleza de certas paisagens como pela informação científica que advém dos materiais rochosos. Já se fala, inclusive, da conservação da geodiversidade e das relações existentes entre esta e a biodiversidade. Isto só demonstra que a atitude humana está a ser cada vez mais consciente e racional em relação ao meio envolvente.


Mudanças necessárias!

Algumas civilizações antigas tinham algum fascínio e veneração pelo meio que as envolvia. No entanto, grande parte da Humanidade teve sempre uma atitude, em relação à geodiversidade, de incompreensão e desprezo. A natureza tinha de ser "domada", pois representava um estado rude e primário. Tivemos de criar o nosso próprio ambiente de modo a ordenar aquilo que parecia imperfeito. No entanto, em séculos recentes, reconhecemos que existia o belo na Natureza, em todas as suas formas e diversidades. Iniciámos uma aquisição de conhecimentos e estudos que permitiram obter informações preciosas para a defesa e respeito do meio em todas as suas vertentes. Foi um processo gradual e que ainda se está a desenvolver. Hoje estamos mais conscientes e informados de como o que está à nossa volta é precioso e fascinante.