Thursday, May 15, 2008

Reintroduções precisam-se!

Portugal é ainda um país que possui uma rica diversidade de espécies animais. No entanto, grande parte delas encontra-se ameaçada essencialmente pela perda de habitat que permita a sua sobrevivência.
Mesmo os nossos parques naturais, que supostamente teriam condições necessárias para as diferentes espécies animais realizarem as suas funções vitais, estão depauperados em termos de biodiversidade.
Surpreende-me que não haja mais acções que permitam o reaparecimento de algumas espécies no nosso país, essencialmente nas nossas áreas protegidas, de forma a que o número e a diversidade de fauna seja incrementada.
Julgo que até agora, o único caso de reintrodução de espécies animais numa área protegida deu-se quando se procedeu à reprodução e posterior libertação de exemplares de Caimão-comum (Porphyrio porphyrio) nos Pauis do baixo Mondego, no início de 1999. O caimão-comum é uma ave da família dos ralídeos e possui um bico e escudete frontal vermelhos e patas rosadas e a sua plumagem é azul com reflexos metálicos.

Fonte: fotografia de Dani L. Huertas in Doñana bird tours

Para além desta espécie, mais nenhuma teve a honra de ser escolhida para um programa de reintrodução. O reaparecimento recente no nosso país de uma espécie de grande porte: a Cabra-montês (Capra pyrenaica victoriae) no Parque Nacional da Peneda-Gerês, deveu-se a introduções levadas a cabo pelos nossos vizinhos espanhóis, e é graças a esta e a outras reintroduções do lado de lá da fronteira que muitas espécies reaparecem no nosso território, expandindo-se de seguida, caso encontrem condições para tal.
Mas o que fazemos nós para garantir que as nossas espécies que ainda lutam para sobreviver não desapareçam totalmente? Bem...aparentemente nada!
Na minha singela opinião quando uma espécie começa a crescer em termos populacionais (coisa que ainda é rara), devemos tentar recolocar os excedentes em zonas onde já desapareceram. Muitas vezes, a solução encontrada passa única e exclusivamente pelo abate dos animais em excesso! Não digo que a caça não desempenhe um papel de relevo na economia e na tentativa de preservação de espécies (afinal algumas das espécies de caça começam a regressar às zonas de caça associativa devido à vontade dos caçadores), mas a verdade é que um animal vivo poderá valer bem mais do que um abatido, isto porque a caça fotográfica gera rendimentos a longo prazo. Um animal pode ser "caçado" através da máquina fotográfica várias vezes ao longo da sua vida.
E é exactamente nesta área que ainda falhamos: o turismo ambiental com safaris fotográficos pode ser uma fonte de rendimento para as populações que se encontram inseridas ou perto das áreas protegidas! Porque não incrementar o número de espécies, de forma a que os ecossistemas sejam sarados das agressões e extinções a que têm vindo a ser alvo?
Seria interessante e compensador pensar que o Veado (Cervus elaphus) pudesse deambular pelo nosso único Parque Nacional, ou que as Águias-pesqueiras (Pandion haliaetus) voltassem a nidificar e alimentar a sua prole nos rochedos do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
Temos de garantir que as gerações futuras possam usufruir sustentadamente da diversidade que existe. Necessitamos é de começar por algum lado!

Wednesday, May 14, 2008

Nefastas ou benignas?

No que respeita às espécies vegetais e animais que habitam o nosso território, especialmente aquelas que são exóticas e foram trazidos pelo Homem ao longo dos últimos anos, podemos considerar que são nefastas para a biodiversidade, ou pelo contrário, benignas?

Tudo indica que grande parte corresponde à primeira hipótese, isto porque hoje em dia são bem visíveis, na paisagem, os problemas causados por algumas espécies, como por exemplo as acácias (Acacia ssp.) e o chorão (Carpobrotus edulis) , no grupo das plantas ou, no caso dos animais, o lagostim-vermelho-da-Louisiana (Procambarus clarkii), entre outras. Conseguiram-se adaptar de tal modo ao novo ambiente que se tornaram invasoras, competindo com as espécies nativas e, nalguns casos, ameaçando-as de desaparecimento.


No entanto, existem algumas espécies exóticas que não possuem um carácter invasivo que as espécies acima citadas, como por exemplo as tílias (Tilia ssp.), nas plantas, ou o camaleão (Chamaeleo chamaeleon), no caso dos animais. Estas espécies estão adaptadas ao novo ambiente mas poderão ser consideradas como um incremento à biodiversidade nacional, não havendo quaisquer dados que sejam espécies que coloquem em risco as autóctones.

Como devemos então encarar esta dicotomia em relação às espécies exóticas? Suponho que o melhor a fazer é prevenir, ou seja, aplicar o princípio da precaução. Embora existam (poucas) espécies que se adaptaram sem causar qualquer tipo de impacto, é necessário que se evite introduções de espécies exóticas. Por todo o globo podemos constatar que uma acção que se julga benéfica ou interessante pode tornar-se catastrófica.

Temos pois de olhar para as nossas acções actuais e questionarmo-nos do seguinte: queremos ser espécies nefastas ou benignas?