Friday, February 18, 2011

Ouro incolor

Estamos sempre a dar como garantidos alguns dos recursos que utilizamos para a nossa sobrevivência. Embora estes sejam de todos, temos de perceber que é necessário racionalizar. Julgo que não damos o devido valor a um bem que se está a tornar cada vez mais escasso e, como tal, mais precioso. Refiro-me à água, esse bem que é indispensável à vida no nosso planeta.



Devemos, no entanto, analisar de que forma consideramos este ouro incolor: respeito e veneração nalguns casos, mas maioritariamente com desprezo e desdém. Sabemos que somente 3% da água do planeta Terra é doce, mas só 1% é passível de ser utilizada por nós. Mas como a tratamos? Utilizamos sem controlo, barramos e poluímos. Utilizamos sem controlo pois no nosso dia-a-dia gastamos em excesso para algumas actividades (lavagem de dentes; banhos de imersão; lavagem de carros; irrigação de jardins). Barramos com o recurso à construção de barragens, que embora sejam uma forma de obter energia que não emite gases que acentuam o efeito de estufa, acarretam várias complicações (salinização de solos na foz dos rios; alagamento de habitats; obstrução de passagens, nalguns casos, para as espécies piscícolas).



Poluímos, pois muitas vezes são realizadas descargas não autorizadas para os nossos rios e ribeiras o que vai influenciar e degradar todo o ecossistema ribeirinho e aquático, para além de que ainda existem localidades que não se encontram abrangidas por um sistema de tratamento de águas residuais, havendo daí consequências negativas (libertação de odores desagradáveis em determinadas alturas do ano e morte dos seres vivos aquáticos). Para além do que já foi referido também a agricultura (uso de substâncias químicas para fertilização dos solos ou eliminação de seres prejudiciais às culturas) ou a utilização dos solos como depósito de lixos urbanos (aterros sanitários) influenciam a qualidade da água .


Nos meios de comunicação já se começa a ver, com alguma frequência, noticiadas informações que dizem respeito a secas extremas ou poluição grave de cursos de água, chamando assim a atenção para algumas questões que começam a surgir e que daqui a alguns anos (não muitos) se prevê tornar num problema de várias gerações.

Como modificar esta tendência global de gastar, sem controlo, este ouro incolor? Certamente passará por racionalizar o seu uso. De que forma? Sensibilização das populações para minimizar as perdas de água potável, através do uso equilibrado no dia-a-dia de cada indivíduo (por exemplo:lavagem de roupa e louça com as respectivas máquinas com a capacidade máxima; higiene diária – banho e lavagem de dentes – com o acto simples de fechar a torneira quando não se está a utilizar a água), em termos municipais (por exemplo através da ligação dos esgotos públicos a estações de tratamento de águas residuais - ETAR’s -, bem como da utilização das águas resultantes do tratamento dessas estações para rega de jardins públicos), ou mesmo a nível nacional (pesquisa de meios alternativos de obtenção de energia, reciclagem de materiais, erradicação de produtos químicos nocivos e incentivo da agricultura biológica).




Está nas mãos de toda a sociedade iniciar a mudança de comportamentos e atitudes, e embora os mais novos tenham um papel crucial, temos de contar com o bom senso da população de todas as idades. Temos de começar a agir já e não esperar que os nossos jovens se tornem adultos para resolver os problemas que criámos.